Carraspana Carraspana

Zé Ninguém

Quando tinha dezesseis, a sua vida mudou
Trancado e enjaulado, o diabo lhe pegou
Não sabia o que dizer, não sabia nem orar
Segurava sua cabeça com vontade de chorar
Nunca aprendeu a ler, muito menos a falar
Só vivia o momento, só queria aproveitar

Sua vó sempre dizia
Ó meu filho me escute
Essa velha não deu certo
Mas você tem juventude

Nenhum conselho que lhe deram
Se prestou a entender
Tanta gente enchendo o saco
Sem saber o que fazer
Mas de uma coisa sabia, nisso tinha razão
O mundo é tão grande que não cabe em palavrão

E depois de muito tempo, revoltado e desalmado
Resolveu acertar as contas, e começou a andar armado
Mas a má sorte o seguia, onde quer que ele fosse
E com balas e socos, caiu na borda da foice
A morte o encarou, e ele encarou de volta
Foi então que percebeu que sua vida tava toda torta

Com um revólver sob o queixo
Ele puxou o gatilho
E seus miolos voaram
Em um último suspiro

Sua história se acabara, sem ninguém imaginar
Que aquele desgraçado nunca pudera sonhar
Mas de uma coisa soubera, nisso teve razão
O mundo é tão grande que não cabe em palavrão